sexta-feira, 15 de julho de 2011

Escolhas

“... Uma compreensão mais profunda da verdade religiosa pode ser alcançada quando o indivíduo reconhece o fato de que a criação de Deus é uma entidade única. Os mundos espiritual e material não são entidades separadas, mas partes integrantes de um único reino do ser. As leis e princípios que governam o mundo da natureza são similares àqueles que operam nos mundos espirituais de Deus, no mundo da religião e no mundo do homem. Para dar um exemplo: notamos uma grande semelhança entre as leis que governam a vida de uma árvore e aquelas que motivam a vida do homem, tanto física como espiritualmente. Observamos que a árvore empurra suas raízes profundamente no solo e absorve os minerais da terra para seu alimento. O solo é inferior à árvore; a árvore, todavia, depende dele para sua existência. A despeito dessa dependência, a árvore cresce em sentido oposto, afastando-se do solo. Como que desgostando do solo, ergue alto os seus galhos em direção ao céu. Isso é similar ao ser humano e seu estado de desapego do mundo material, quando sua alma aspira às coisas espirituais e renuncia aos desejos mundanos.
            Crescendo em direção ao alto, afastando-se do solo, a árvore torna-se recipiente dos raios do sol, a coisa mais preciosa neste mundo físico. Como resultado da efusão das energias liberadas pelo sol, a árvore torna-se verdejante e produz belas flores e frutos. Certamente, o crescimento da árvore é involuntário. Mas suponhamos que ela tivesse uma escolha e, por causa de seu amor à terra e de sua dependência do solo, inclinasse seus ramos para baixo e se enterrasse sob o chão. Então, nunca mais ela poderia receber os raios do sol; por fim, apodreceria.
Os mesmos princípios aplicam-se ao ser humano que tem que viver neste mundo e trabalhar para ganhar a vida, e que depende das coisas materiais para sua existência. Deus, entretanto, designou em Seu Convênio com o homem que a alma humana deve tornar-se desprendida das coisas deste mundo e aspirar aos reinos espirituais. Mas diferentemente da árvore, que não tem escolha, o homem tem livre arbítrio. Se ele opta por ignorar as provisões do Convênio e enamorar-se pelo mundo, suas vaidades e suas atrações materiais, então ele se torna um escravo das coisas terrenas, e sua alma, privada do poder da fé, torna-se empobrecida.
            Por outro lado, quando o indivíduo aspira às coisas espirituais, volve-se ao Manifestante de Deus e não direciona todas as suas afeições a este mundo mortal, então sua alma torna-se iluminada pelos raios do Sol da Verdade e cumprirá o propósito para o qual foi criado. O exemplo acima, mostrando a similaridade entre a árvore e o homem, demonstra que os mundos físicos e espirituais de Deus são relacionados entre si através de leis similares. É possível, portanto, descobrir alguns princípios espirituais examinando-se as leis físicas. De maneira similar, as leis e ensinamentos básicos de uma religião podem ser vistos como leis da natureza em um reino mais elevado. A diferença é que, quando as leis de um reino inferior são aplicadas a um reino superior, certas características são adicionadas, as quais estão ausentes no inferior. Este fato foi observado no exemplo acima; a característica adicional é que o homem exerce seu livre arbítrio para decidir seu próprio destino, enquanto a árvore cresce involuntariamente, sendo o elemnto de escolha ausente no reino vegetal”. (“The Covenant of Bahá’u’lláh”, Adib Taherzadeh)