terça-feira, 15 de março de 2011

Uma reflexão sobre a felicidade

Felicidade é cuidar de si e ter um coração saudável, é ser caridoso e se iluminar cuidando dos demais.

Fernando J.P. Neme - mar/11

quinta-feira, 10 de março de 2011

A ilusão da classe social

Usar produtos de marca não é ter etiqueta. É dar permissão para ser carimbado e mostrar ao sistema qual o seu patamar de consumo real ou ilusório.
Ter etiqueta é saber se portar com requinte e isto não se compra no mercado, é arduamente conquistada com educação e cultura.
Usar o poder da inteligência é ter bom senso. É preferir os produtos com as características da simplicidade (qualidade, durabilidade, funcionalidade, baixo custo de manutenção). Ser simples não é ser simplório.
Ser culto é ter opinião própria e não se deixar levar pelas tendências da moda. É não aceitar as imposições de consumo da obsolescência programada. É estar sempre alerta com as estratégias do mercado que em suas engrenagens transforma tudo o que é simples, prático e durável em coisas cafonas. É não se deixar encantar pelos produtos complexos, repletos de recursos que não serão usados e produzidos com peças frágeis com grandes possibilidades de quebras.
As pessoas mais evoluídas, de regra, são menos propensas ao consumismo e não tentam acompanhar a velocidade das mudanças nas vitrines porque se completam de valores.
Simplifique os seus hábitos. Não complique a sua vida. Ande devagar e busque sempre a longevidade.

Fernando J.P. Neme (mar/11)

A lei é preservar

Os crimes ambientais também são contra a vida humana?
A minha resposta é sim. Porque podem ser considerados como um atentado à possibilidade da vida plena para a atual e às futuras gerações.
Um marco à luz do direito é a Constituição do Equador (2008) em seu capítulo VII, artigo 71 e seguintes que colocam a Natureza como sujeito de direito, a protegendo e lhe dando personalidade jurídica.
A Natureza, por eles reconhecida como Pacha Mama, é considerada como o eixo que rege as funções sociais e econômicas. Bem como o modo de vida dos povos andinos, o seu “bem viver” (sumak kawsay), com as suas técnicas tradicionais de convívio com o meio ambiente. Esta Carta Constitucional estabelece ponderações e limites necessários ao uso dos recursos naturais do planeta para garantir o bem-estar do ser humano.
Vivemos um momento de transição e toda mudança exige trabalho constante. A implantação de um jeito de ser mais sustentável está exigindo novos valores, novas ideias e percepções mais refinadas da humanidade. A fórmula do sucesso é entender o sistema como um todo, único, mas agir de forma individual e localizada, como uma peça em sintonia com o grandioso, porque este é o estágio do conhecimento e do amadurecimento de que o todo é maior que a soma das partes.
Não é fácil mudar os hábitos e mais difícil ainda mudar todo um sistema de produção e consumo, mas esta mudança é necessária e possível. Com uma etapa de cada vez a começar por si próprio: mude você que o mundo melhora.
Cuidar da terra, das pessoas e de todas as formas de vida é a ética da sustentabilidade.

Fernando J.P. Neme (mar/11)

Status Quo

Hoje se colocar contra o nosso estilo de vida atual, simplesmente pela oposição sem fundamento, é errado, destrutivo e hipócrita, porque tudo o que somos é fruto deste sistema até hoje. Mas questionar as suas regras e a sua sustentabilidade nos moldes atuais é justo e promissor porque desenvolve o diálogo por novas vozes, o respeito pelas diferenças e busca a unidade na diversidade.
O mundo hoje passa por um momento de maior lucidez e transformação. Todo movimento de transição é difícil, árduo e caótico. Só com o tempo e praticando muito os novos hábitos será possível implantar uma nova era mais equilibrada, justa, democrática e com menos diferenças entre os excessos de riqueza e pobreza.
Um excelente caminho nos dias de hoje para implantar e acelerar estas mudanças é o despertar da consciência ambiental em cada um de nós.
Mergulhar na ética e nos princípios da cultura permanente, se importar com o próximo (atitude humana) e cuidar da terra e de todas as suas formas de vida. Cuidar das pessoas a partir de si mesmo e da sua família. Produzir excedentes para poder distribuir (só pode dar aquele que tem) e ser comedido nos gastos são atitudes necessárias à evolução e perpetuidade da vida.
Simplificar a vida não é se tornar simplório.
Resgatar os hábitos passados não é retroceder.
Saber usar os recursos com lógica é a vanguarda da evolução.

Fernando J.P. Neme (mar/11)

terça-feira, 1 de março de 2011

É chegada a hora de ampliarmos os nossos talentos

A sustentabilidade exige esforços individuais e mudanças significativas no nosso jeito de ser.

Os nossos antepassados faziam praticamente tudo sozinhos, sabiam cozinhar e fazer compotas para aproveitar o ano todo a abundância das épocas de colheita. Costurar, produzir e consertar várias coisas. A construção de casas e suas manutenções necessárias eram atividades corriqueiras. Na falta de habilidades específicas sempre procuravam um vizinho ou alguém próximo para ajudar ou pagar pelos serviços. Era comum viver de forma ativa, sem sedentarismo, preenchendo o dia com diversas atividades e sempre tendo tempo para a família, os filhos, o descanso, o encontro no café do final da tarde, as refeições em família e atividades de lazer e estudos.

A vida era preenchida de forma simples, com hábitos saudáveis, tais como fazer piqueniques em lugares próximos e voltar no final da tarde; com reuniões em casa onde todos levavam alguma colaboração. Quem não se lembra daquela torta ou daquele bolo que só fulano fazia? Todos temos estas histórias na família. Resgatar hábitos não é retroceder.

Existe algo mais complexo nas relações e mais simples para viver do que uma família? Nela aprendemos as leis do convívio e seu resgate é importantíssimo. Pessoas solitárias consomem muito mais no mercado. Não tanto nas coisas essenciais para a sobrevivência, mas principalmente, nas armadilhas do consumo, as quais oferecem diversos produtos e serviços que te “fazem feliz”.

O meu avô me ensinou que o lema e a moral de nossos antepassados era “o prazer de fazer bem feito”. Fazer de forma simples para durar muito e com pouca ou nenhuma manutenção. Fazer para durar sempre.

Atualmente tudo está bem diferente, porque a matemática de hoje é simples assim: se o produto é bom, ele vai durar muito e se o produto é ruim, ele vai durar pouco. Então é “melhor” produzir produtos que quebram logo e exigem novas compras para alimentar o mercado consumista, porque consertar ou é impossível ou é mais caro que comprar um novo! Como isto é possível? Como pode uma parte da peça ser mais cara que a peça inteira? Até onde vamos consumir sem nos darmos conta de que estamos nos consumindo?

Cuidado com o ócio moderno, porque se não for criativo você pode cair em diversas armadilhas. Para não correr este risco, tenha prazer em aprender, estimule todas as suas habilidades, aumente os seus talentos individuais, esteja aberto para o aprendizado constante, sinta a felicidade de fazer as coisas com as próprias mãos. Procure conhecer os assuntos todos, para não ser enganado quando precisar contratar algum serviço ou conserto e principalmente, cultive o espírito de fazer bem feito. A sustentabilidade do planeta hoje exige cidadãos conscientes e com vontade de transformação.

Você pode comprar um produto qualquer, bem “baratinho” na venda da esquina, porque trabalha muito e não tem tempo para fazer, ou porque não sabe e nem quer aprender como se faz. Sem problema algum, todos podem continuar inseridos no sistema e alimentando a máquina. O que muda é que de agora em diante você já tem esta consciência e a possibilidade de incorporar as mudanças necessárias. Você pode se iludir e continuar alimentando o sistema ou fazer algo saudável para o planeta, para a sua saúde e em especial para o seu prazer em fazer bem feito. A escolha é sua.

Fernando J.P. Neme