quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

Mensagem de Natal

O presente de aniversário

As festas impostas pelo atual sistema econômico de mercado criam, através da publicidade, um frenesi de compras que pode levar a exageros. Por exemplo, no Natal católico se comemora o nascimento de Jesus, e a convenção diz que numa festa de aniversário só o aniversariante é quem ganha os presentes.

De tudo o que pode ser dado, qual seria o presente mais desejado por Cristo?  O bom entendimento é que todos praticassem os ensinamentos do Sermão da Montanha, e nada mais. Não se encontra escrita nos Evangelhos a obrigação de nos presentearmos na comemoração do Natal, então quem escreveu esta lei?

Se cada família, com o espírito de confraternização, comunhão e paz (presentes desejados pelo aniversariante), se encontrasse para trocar pratos de comida e boas intenções (alimento ao corpo e à alma), a cerimônia estaria completa.
  
Se cada família abastada, com o espírito de doação e solidariedade, oferecesse a um carente um prato de comida, o aniversariante ficaria feliz com este presente.
  
Se os pais, para dar um significado maior à Magia do Natal, além de dar presentes novos aos seus filhos, também os encorajassem a doar seus pertences usados aos outros filhos de Deus com menos posses e muitas urgências, o aniversariante também ficaria satisfeito com este discernimento da essência verdadeira.
  
A ciência comprova que o dia se inicia aproximadamente às 20:30 horas da noite anterior ao alvorecer; e a medicina já sabe que se alimentar após as 21:00 horas é prejudicial à saúde e com estes dados, o aniversariante ficaria feliz em receber a readequação do horário das comemorações, principalmente para respeitar as rotinas que nossas crianças precisam para o seu pleno desenvolvimento.
 
 
Fonte: NEME, FJP, livro: "Ecologia e Sustentabilidade"(Pra Melhor Ambiental/2011)

segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

Maturidade Política

Concordo com as palavras de Mohiman Shafa, que abaixo compartilho e também recomendo o seu livro: Política - Uma Perspectiva Bahá'i, pág.42, Editora Isis, 2011.

"... Maturidade implica em capacidade de entendimento, respeito, de compreender que estamos todos no mesmo barco, e que o bem estar de um depende necessariamente do bem estar de todos.

Uma sociedade na qual um grupo, classe ou nação procura dominar, explorar e manipular os outros, é enferma. Uma sociedade na qual Homens e instituições competem entre si a fim de obter vantagens próprias em detrimento dos outros, está imatura e ainda na fase de adolescência. Uma sociedade na qual há conflitos e agressões, armados ou não, demonstra claros sinais de insensatez. Uma sociedade na qual transparecem atitudes de preconceito religioso, racial, social ou nacional, por mais sutis que sejam, se revela intolerante e sem uma perspectiva edificante da realidade. Uma sociedade na qual se encoraja ou se comete atos inspirados por fanatismo que destroem vidas inocentes, demonstra cega imitação. Uma sociedade na qual a academia educa os jovens para competir e vencer, ao invés de estimular a prática de cooperação e interrelação é egocentrica. E enfim, uma sociedade na qual se gasta muito mais recursos em treinamento para guerra, do que na educação para paz, é lamentável.

Estar ajustado a uma sociedade assim, não é demosntração de saúde".

Mohiman Shafa

(Política - Uma Perspectiva Bahá'i, pág.42, Editora Isis, 2011)

sexta-feira, 23 de setembro de 2011

Respostas ao Questionário Rio+20 do MMA

O texto é um pouco longo, mas torno público meu entendimento e minhas respostas para quem quiser compartilhar.

1. A Conferência deverá estabelecer a nova agenda internacional para o desenvolvimento sustentável para os próximos anos. Para que o Brasil exerça a liderança desse processo, deverá apresentar propostas para uma agenda de vanguarda, que eleve os níveis de ambição dos atuais debates. Qual seria a contribuição do Brasil nesse contexto?

R. O Brasil como potência ambiental (biodiversidade, potencial hídrico, solar e biomassa para geração de energia, agricultura orgânica em expansão e reservas de água doce) deve mostrar suas ações e cobrar dos países desenvolvidos resultados mais eficientes e comprometidos, ou seja, colocar em prática as discussões dos últimos 20 anos.
Sobre o assunto desenvolvimento sustentável pela economia verde deverá levar propostas para a erradicação da pobreza e extinção das diferenças entre grandes fortunas e miserabilidade, modelos de governança participativa com a sociedade e a inclusão da justiça ambiental na pauta das discussões.
Por justiça ambiental se entende o tratamento equânime e o envolvimento pleno de todos os grupos sociais independentes de sua origem ou renda nas decisões sobre o acesso, ocupação e uso dos recursos naturais em seus territórios.
Defender os recursos ambientais como bens coletivos (atuais e futuros) com apropriação e gestão decorrentes de debates públicos e exercendo o controle social. Proteger os direitos das populações do campo e da cidade contra a discriminação sócio-territorial e a desigualdade ambiental. Garantir a saúde coletiva respeitando o acesso equilibrado aos recursos ambientais (preservação e combate às degradações ambientais: poluição, contaminação e intoxicação química, em especial as populações que vivem e trabalham nas áreas de influência dos empreendimentos industriais e agrícolas). Ser mais ativo e pioneiro na criação da figura jurídica dos refugiados do clima e defender seus direitos exigindo que as políticas de mitigação e adaptação priorizem a assistência aos grupos diretamente afetados. Valorizar as diferentes formas de viver e de produção local, reconhecer e proteger a entidade da Natureza e o jeito tradicional de vida como versa a Constituição do Equador/2008 e enaltecer a contribuição que grupos indígenas, comunidades tradicionais, agroextrativistas e da agricultura familiar podem ensinar sobre equilíbrio e conservação dos ecossistemas. E por último, a alteração radical do atual padrão de produção e consumo.

2. Como poderá a Conferência causar impacto no debate interno sobre o desenvolvimento sustentável no Brasil e contribuir para as necessárias transformações do país rumo a sustentabilidade?

R. O Brasil deve dar ênfase a conscientização ambiental de seus cidadãos e aproveitar a oportunidade para instalar políticas públicas efetivas de educação ambiental a começar pela regularização total e urgente da Lei Nacional de Resíduos Sólidos.
sustentabilidade está diretamente vinculada às atitudes individuais e estas surgem ou pela conscientização ou pela lei. Ela começa nas ações individuais e reverberam no coletivo. Por meio da educação ambiental será possível a sociedade civil desenvolver a economia verde.
No âmbito estrutural, o desenvolvimento sustentável é de responsabilidade coletiva dos organismos internacionais, governos nacionais, empresas, sociedade civil, consumidores e indivíduos.
Desenvolvimento não é o aumento do poder de consumo, e sim a evolução da qualidade de vida das pessoas.

3. Como poderá a Rio+20 assegurar a renovação do compromisso político com o desenvolvimento sustentável? Como poderá contribuir para o fortalecimento do multilateralismo, ultrapassando as divisões tradicionais (exemplo: Norte-Sul)?

R. No âmbito interno, a exposição na mídia pode atrair o interesse no assunto e criar a oportunidade para comprometer o poder legislativo com a transição para a economia verde, inclusão social e erradicação da pobreza, principalmente exigindo a regulamentação do dispositivo constitucional do imposto progressivo para grandes fortunas e fomentar a equidade social total (países, estados e regiões).
Na elaboração de políticas públicas os projetos devem respeitar os biomas e as bacias hidrográficas. Para evitar abusos contra a cultura tradicional é preciso proibir registro de patentes comerciais (nacionais e internacionais) sobre o conhecimento ancestral. Incentivar a produção de sementes orgânicas e crioulas e visando garantir a soberania alimentar não permitir as patentes de sementes pelas empresas privadas. Proibir a captação profunda de água nas fontes minerais e ter uma política de extração com regras rígidas embasadas na ciência preservacionista que respeita o ciclo natural.
No âmbito mundial, ser exemplo de sustentabilidade com atitudes e gerar a envergadura moral necessária para exigir dos demais países as mesmas ações. Para começar, poderia desistir da cadeira permanente no Conselho de Segurança na ONU e trocar os discursos que faria naquela casa por realizações concretas e exercício de liderança para extinguir todas as diferenças econômicas entre os países desenvolvidos do hemisfério norte e a miséria e descaso que sofre muitos países do hemisfério sul, em especial a África.

4. Quais são os principais avanços e lacunas na implementação dos documentos resultantes das Cúpulas sobre Desenvolvimento Sustentável (Rio de Janeiro, 1992 e Joanesburgo, 2002)?

R. Avanços: as discussões sobre o tema, a assinatura de tratados e compromissos e o engajamento da sociedade civil nas discussões.
Lacuna: faltam medidas contra o excesso de poder e interferência dos grupos financeiros e econômicos nas políticas públicas mundiais e o triste esquecimento da vida planetária como a maior riqueza.

5. Quais são os temas novos e emergentes que devem ser incluídos na nova agenda internacional do desenvolvimento sustentável? Quais temas contemplam, de forma equilibrada, as dimensões ambientais, sociais e econômicas?

R. Tema emergente é o socioambientalismo e seu entendimento de que as questões ambientais e sociais andam juntas e se completam. Pregar a distribuição de riquezas pela política ambiental por intermédio da justa e equilibrada distribuição dos lucros obtidos do extrativismo, manejo ecológico e conhecimentos tradicionais dos recursos naturais entre as empresas e toda a comunidade envolvida.
Para equilibrar as dimensões ambientais, sociais e econômicas é necessário criar um selo de eficiência sustentável para ajudar na escolha do consumidor, com medidores da pegada ecológica, hídrica, energética, do modo de produção e número de etapas necessárias na manufatura, com a distância total percorrida até o consumidor final e mais a tabela de impostos totais que incidem sobre o produto. Cada setor deve ser classificado pela quantidade de energia que gasta em sua produção.

6. A economia verde deve ser uma ferramenta do desenvolvimento sustentável. Nesse contexto, novos padrões de consumo e produção devem guiar as atividades econômicas, sociais e ambientais. Quais seriam esses novos padrões?

R. Linhas de crédito aos seguintes setores:
Eficiência energética: redução de perdas na produção e transmissão de energia elétrica; isolamento de tubulações; sistemas de recuperação de calor; instalação de equipamentos que reduzam o consumo energético; melhoria de sistema de iluminação e refrigeração, diminuição das perdas na distribuição de água potável etc.
Manejo de resíduos e saneamento: sanções aos que não reciclam; queima de biogás em aterros para geração de energia elétrica; obrigatoriedade da compostagem em parques, condomínios e residências; redução de resíduos na fonte; adaptação de sistemas de tratamento de esgoto tanto para processos anaeróbicos com recuperação e queima do metano em pequenas unidades locais quanto para processos biológicos e naturais etc.
Transporte: substituição de fontes de energia extrativistas não renováveis por fontes limpas e renováveis para os transportes públicos e privados; impor limitações de potência aos motores automotivos; preferência pela política pública da mobilidade humana pelo transporte coletivo etc.
Construção civil: utilização de técnicas sustentáveis com o uso de materiais locais e renováveis, retrofit de edifícios existentes; leis obrigando reuso da água, eficiência energética e térmica etc.
Processos industriais: substituição dos gases CFCs, HFCs, HCFCs, PFCs, SF6 na produção; redução de perdas; responsabilidade reversa dos resíduos sólidos; tratamento da água nas plantas industrias para reuso e saneamento ecológico na ponta final antes de enviar à rede de esgoto; compra e instalação de equipamentos para produção de energia renovável (placas solares, aerogeradores, caldeiras a biomassa, pequenas centrais hidrelétricas, biogás de aterros etc.)
Agroindústria: privilegiar a agricultura orgânica familiar em pequenas propriedades e fomentar a diversidade de culturas e técnicas agroflorestais para aumentar a garantia alimentar e produtiva e diminuir o risco das quebras de safras nas monoculturas e da produção centralizada; criação e recuperação de áreas verdes (reflorestamento com espécies nativas); rever as normas de reflorestamento, principalmente para tornar obrigatório o plantio de pelo menos 85 espécies nativas na área e extinguir a noção de plantio em linha ser área reflorestada; recomposição de matas ciliares e nascentes sob pena de sanções monetárias; simplificar e isentar de taxas e impostos o registro das RPPNs e Reservas Legais; valorizar a propriedade com isenção de impostos e fonte de renda aos proprietários rurais e urbanos com a venda dos créditos de carbono das suas áreas preservadas etc.
Elaboração de inventário de emissões de gases de efeito estufa e elaboração de projetos de MDL (Mecanismo de Desenvolvimento Limpo) para o comércio de créditos de carbono baseado em projetos de sequestro ou mitigação.
A migração para a economia verde deve ser sem reduções dos postos de trabalho, com mais justiça social, com distribuição de tecnologia irrestrita e assistindo os setores mais pobres da população.

7.Há consenso político de que as políticas e instrumentos para a implementação da economia verde deverão variar de acordo com o contexto de cada país. Com essa premissa, e considerando o desafio da erradicação da pobreza, como a transição para uma “economia verde” pode ser inclusiva e contemplar princípios de equidade entre gerações, entre países e dentro de um mesmo país?

R. O conceito de uma economia verde deve romper com os paradigmas atuais que sustentam grande parte do pensamento econômico moderno e deixar de ser totalmente desenvolvimentista e materialista para combater os extremos da pobreza e da riqueza e suas injustiças sociais exigindo soluções multilaterais e intergovernamentais.
A inovação tecnológica não resolve sozinha a questão se não frearmos o consumo e não resgatarmos os modos de vida das culturas tradicionais e não dependentes do petróleo. A solução inteligente, socialmente justa, ética e efetiva é trabalhar na causa do problema e no foco principal, que é evitar o consumo excessivo, limitar a criação de necessidades para extinguir a obsolescência programada, universalizar o acesso à comunicação e tornar obrigatório o selo sustentável para regulamentar a produção sempre privilegiando a economia local, cooperativista e solidária.
País comprometido com a estabilidade climática e sustentabilidade socioambiental global cuida de todos os cidadãos e espécies do planeta e não apenas de suas fronteiras.

8. Qual o modelo de estrutura institucional que permite integrar melhor as agendas e atividades das instituições responsáveis pelos pilares econômico, social e ambiental do desenvolvimento sustentável, nas esferas internacional e nacional?

R. A promulgação de uma Declaração Mundial do Meio Ambiente e Ética da Sustentabilidade (cuidar da terra e cuidar das pessoas) com padronização da produção priorizando a preservação, com normas eficazes e fiscalização por parte da sociedade civil (educação ambiental e consumo consciente). No processo de governança internacional incluir um conselho de políticas de sustentabilidade com o objetivo de conduzir as ações e controlar os abusos.

9. Quais sugestões poderiam ser feitas para que a implementação de projetos de agências internacionais no País seja realizada de forma coordenada, evitando a duplicação de esforços?

R. Mantendo um cadastro atualizado na página da internet do governo das atividades nacionais e comunicação constante em todo território.

10. Como fortalecer a governança ambiental internacional, particularmente o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA) em seu papel de apoiar os países na implementação dos compromissos ambientais e de formação de capacidades, promovendo a melhor interação entre os acordos multilaterais ambientais, entre si e com o Programa?

R. Dando poderes ao PNUMA de pleitear embargos econômicos contra os países transgressores, linhas de financiamento para implantação do desenvolvimento sustentável aos países menos favorecidos e autoridade de partilhar toda tecnologia verde para evitar novas desigualdades entre as nações.

11. Qual o papel dos atores não-governamentais no sistema multilateral e de que forma as estruturas de governança das Nações Unidas podem viabilizar a participação e o reconhecimento das visões e demandas desses atores, de forma a não só influenciar o processo decisório como, também, de torná-los mais comprometidos com a implementação das decisões?

R. O papel dos atores não-governamentais no sistema multilateral é fazer o controle social do processo. O papel da sociedade civil organizada é manter a sua integridade sustentável, precaver os danos ambientais, defender seus princípios socioambientais, os interesses difusos, o direito das minorias e do interesse público num estado de direito e democracia por via judicial.
O papel das pessoas físicas ou jurídicas, nacionais ou estrangeiras é representar os interesses coletivos junto ao poder público no exercício da cidadania planetária.

sexta-feira, 15 de julho de 2011

Escolhas

“... Uma compreensão mais profunda da verdade religiosa pode ser alcançada quando o indivíduo reconhece o fato de que a criação de Deus é uma entidade única. Os mundos espiritual e material não são entidades separadas, mas partes integrantes de um único reino do ser. As leis e princípios que governam o mundo da natureza são similares àqueles que operam nos mundos espirituais de Deus, no mundo da religião e no mundo do homem. Para dar um exemplo: notamos uma grande semelhança entre as leis que governam a vida de uma árvore e aquelas que motivam a vida do homem, tanto física como espiritualmente. Observamos que a árvore empurra suas raízes profundamente no solo e absorve os minerais da terra para seu alimento. O solo é inferior à árvore; a árvore, todavia, depende dele para sua existência. A despeito dessa dependência, a árvore cresce em sentido oposto, afastando-se do solo. Como que desgostando do solo, ergue alto os seus galhos em direção ao céu. Isso é similar ao ser humano e seu estado de desapego do mundo material, quando sua alma aspira às coisas espirituais e renuncia aos desejos mundanos.
            Crescendo em direção ao alto, afastando-se do solo, a árvore torna-se recipiente dos raios do sol, a coisa mais preciosa neste mundo físico. Como resultado da efusão das energias liberadas pelo sol, a árvore torna-se verdejante e produz belas flores e frutos. Certamente, o crescimento da árvore é involuntário. Mas suponhamos que ela tivesse uma escolha e, por causa de seu amor à terra e de sua dependência do solo, inclinasse seus ramos para baixo e se enterrasse sob o chão. Então, nunca mais ela poderia receber os raios do sol; por fim, apodreceria.
Os mesmos princípios aplicam-se ao ser humano que tem que viver neste mundo e trabalhar para ganhar a vida, e que depende das coisas materiais para sua existência. Deus, entretanto, designou em Seu Convênio com o homem que a alma humana deve tornar-se desprendida das coisas deste mundo e aspirar aos reinos espirituais. Mas diferentemente da árvore, que não tem escolha, o homem tem livre arbítrio. Se ele opta por ignorar as provisões do Convênio e enamorar-se pelo mundo, suas vaidades e suas atrações materiais, então ele se torna um escravo das coisas terrenas, e sua alma, privada do poder da fé, torna-se empobrecida.
            Por outro lado, quando o indivíduo aspira às coisas espirituais, volve-se ao Manifestante de Deus e não direciona todas as suas afeições a este mundo mortal, então sua alma torna-se iluminada pelos raios do Sol da Verdade e cumprirá o propósito para o qual foi criado. O exemplo acima, mostrando a similaridade entre a árvore e o homem, demonstra que os mundos físicos e espirituais de Deus são relacionados entre si através de leis similares. É possível, portanto, descobrir alguns princípios espirituais examinando-se as leis físicas. De maneira similar, as leis e ensinamentos básicos de uma religião podem ser vistos como leis da natureza em um reino mais elevado. A diferença é que, quando as leis de um reino inferior são aplicadas a um reino superior, certas características são adicionadas, as quais estão ausentes no inferior. Este fato foi observado no exemplo acima; a característica adicional é que o homem exerce seu livre arbítrio para decidir seu próprio destino, enquanto a árvore cresce involuntariamente, sendo o elemnto de escolha ausente no reino vegetal”. (“The Covenant of Bahá’u’lláh”, Adib Taherzadeh)

quarta-feira, 11 de maio de 2011

Pela defesa da vida!

São Paulo, 11 de maio de 2011
 
Hoje de manhã, depois de 26 anos, eu subi novamente num carro de som na Praça da Sé para protestar.
 
No passado eu temia a polícia que batia e prendia, mas não deixei de exigir Diretas Já!
 
Hoje a polícia que vigia é para nos proteger e vivemos numa democracia. 
 
Meu grito agora é pela defesa da VIDA e contra as alterações do Código Florestal.
 
O planeta está em formação à bilhões de anos e nós humanos estamos interferindo neste equilíbrio há somente alguns milhares de anos. Porém a Natureza sabe se cuidar muito bem. Somos nós quem devemos aprender a viver e conviver em harmonia antes que seja tarde.
 
Fernando J.P. Neme
 
 

segunda-feira, 11 de abril de 2011

Comemorando qual Páscoa?

MARATONA


            A tia Gui está ajudando suas irmãs no preparo da maratona gastronômica de Páscoa. Nestes dias, após as missas obrigatórias, muitas coisas se têm para fazer. No passado a celebração iniciava na quinta-feira, mas atualmente o mercado, não podendo suportar tantos feriados sem lucrar, exige seu começo às sextas-feiras. Elas tinham a obrigação de preparar o peixe (bacalhau pra quem tem posses e sardinhas pra grande maioria). Era o dia da proibição do consumo de carne, mas permitido beber vinho. Os quarenta dias de jejum purificador e desenvolvimento pessoal se perderam nas eras e reza a tradição atual se sujeitarem a passar um dia, quase sem matar ninguém, porque os peixinhos morreram em seu “sacrifício”.

Quando chega o sábado de aleluia, aí tudo pode, tem churrasco o dia todo, um cabrito assado, grelham uma coluna vertebral bovina, tem malhação do Judas e as divergências entre traidor ou agente. No jantar tem macarronada como fonte de energia, para aguentar firme o baile da noite e na volta ninguém pode dormir sem tomar uma canja de galinha gorda, em surdina, antes que o galo perceba e cante de saudades pela companheira morta. A cidade se recolhe e pode dormir o sonho dos praticantes.

No domingo, às dez horas da manhã tem a missa de Páscoa, com a atenção dos ouvintes concentrada no almoço especial, que os esperam em casa. Numa alternância de palavras decoradas, com alguns momentos de silêncio, seguidas de algumas leituras, em que todos escutam com ouvidos surdos pelo cansaço. Os jovens cochilando, as crianças brincando e os homens cumprindo tabela, com as mulheres ansiosas pelos afazeres no lar. A tia Gui não foge à regra e antecipa o cansaço pensando no trabalho de cozinhar, limpar e arrumar, querendo ser mais informal usando o máximo possível de descartáveis, não importando se a Mãe Terra ainda suporta tudo isto.

            No almoço de Páscoa são servidas carnes com fartura de acompanhamentos. Alguma salada, destas vendidas ensacadas pelos mercados, tão práticas que já vem “limpas” e é só colocar na mesa para enfeitar e aliviar o peso da consciência das mães zelosas. Fechando a comemoração do empantulhamento coletivo servem-se as sobremesas.

Na hora da Celebração, o celofane é deflorado, o alumínio é rasgado e com grandes nacos da iguaria nas mãos iniciam a cerimônia de devorar chocolates. Representando a reposição das necessidades energéticas gastas, para suprir as imposições do consumo.

É o clímax do Renascimento simbolizando o início da nova rodada de compras. Serão cremes para espinhas, planos em academias de ginástica e todos seus acessórios (roupas especiais para praticar esportes, principalmente os tênis de última geração, usados por atletas profissionais, pois temos que andar quarenta minutos numa esteira elétrica, duas vezes por semana), revistas femininas com regimes milagrosos, combustíveis fósseis nos veículos (que te levam e trazem da ginástica), entre outros. Celebrando assim, a vida consumida aqui, não gerando créditos à outra, que ninguém escapa.

            Os glutões se engalfinhando com os ovos, num consumo insano regozijam o doce, esquecendo que “amargas” são as exigências da vitória.


Livro: "Casos para Causos", págs.33/34, Ícone Editora, 2010

terça-feira, 15 de março de 2011

Uma reflexão sobre a felicidade

Felicidade é cuidar de si e ter um coração saudável, é ser caridoso e se iluminar cuidando dos demais.

Fernando J.P. Neme - mar/11

quinta-feira, 10 de março de 2011

A ilusão da classe social

Usar produtos de marca não é ter etiqueta. É dar permissão para ser carimbado e mostrar ao sistema qual o seu patamar de consumo real ou ilusório.
Ter etiqueta é saber se portar com requinte e isto não se compra no mercado, é arduamente conquistada com educação e cultura.
Usar o poder da inteligência é ter bom senso. É preferir os produtos com as características da simplicidade (qualidade, durabilidade, funcionalidade, baixo custo de manutenção). Ser simples não é ser simplório.
Ser culto é ter opinião própria e não se deixar levar pelas tendências da moda. É não aceitar as imposições de consumo da obsolescência programada. É estar sempre alerta com as estratégias do mercado que em suas engrenagens transforma tudo o que é simples, prático e durável em coisas cafonas. É não se deixar encantar pelos produtos complexos, repletos de recursos que não serão usados e produzidos com peças frágeis com grandes possibilidades de quebras.
As pessoas mais evoluídas, de regra, são menos propensas ao consumismo e não tentam acompanhar a velocidade das mudanças nas vitrines porque se completam de valores.
Simplifique os seus hábitos. Não complique a sua vida. Ande devagar e busque sempre a longevidade.

Fernando J.P. Neme (mar/11)

A lei é preservar

Os crimes ambientais também são contra a vida humana?
A minha resposta é sim. Porque podem ser considerados como um atentado à possibilidade da vida plena para a atual e às futuras gerações.
Um marco à luz do direito é a Constituição do Equador (2008) em seu capítulo VII, artigo 71 e seguintes que colocam a Natureza como sujeito de direito, a protegendo e lhe dando personalidade jurídica.
A Natureza, por eles reconhecida como Pacha Mama, é considerada como o eixo que rege as funções sociais e econômicas. Bem como o modo de vida dos povos andinos, o seu “bem viver” (sumak kawsay), com as suas técnicas tradicionais de convívio com o meio ambiente. Esta Carta Constitucional estabelece ponderações e limites necessários ao uso dos recursos naturais do planeta para garantir o bem-estar do ser humano.
Vivemos um momento de transição e toda mudança exige trabalho constante. A implantação de um jeito de ser mais sustentável está exigindo novos valores, novas ideias e percepções mais refinadas da humanidade. A fórmula do sucesso é entender o sistema como um todo, único, mas agir de forma individual e localizada, como uma peça em sintonia com o grandioso, porque este é o estágio do conhecimento e do amadurecimento de que o todo é maior que a soma das partes.
Não é fácil mudar os hábitos e mais difícil ainda mudar todo um sistema de produção e consumo, mas esta mudança é necessária e possível. Com uma etapa de cada vez a começar por si próprio: mude você que o mundo melhora.
Cuidar da terra, das pessoas e de todas as formas de vida é a ética da sustentabilidade.

Fernando J.P. Neme (mar/11)

Status Quo

Hoje se colocar contra o nosso estilo de vida atual, simplesmente pela oposição sem fundamento, é errado, destrutivo e hipócrita, porque tudo o que somos é fruto deste sistema até hoje. Mas questionar as suas regras e a sua sustentabilidade nos moldes atuais é justo e promissor porque desenvolve o diálogo por novas vozes, o respeito pelas diferenças e busca a unidade na diversidade.
O mundo hoje passa por um momento de maior lucidez e transformação. Todo movimento de transição é difícil, árduo e caótico. Só com o tempo e praticando muito os novos hábitos será possível implantar uma nova era mais equilibrada, justa, democrática e com menos diferenças entre os excessos de riqueza e pobreza.
Um excelente caminho nos dias de hoje para implantar e acelerar estas mudanças é o despertar da consciência ambiental em cada um de nós.
Mergulhar na ética e nos princípios da cultura permanente, se importar com o próximo (atitude humana) e cuidar da terra e de todas as suas formas de vida. Cuidar das pessoas a partir de si mesmo e da sua família. Produzir excedentes para poder distribuir (só pode dar aquele que tem) e ser comedido nos gastos são atitudes necessárias à evolução e perpetuidade da vida.
Simplificar a vida não é se tornar simplório.
Resgatar os hábitos passados não é retroceder.
Saber usar os recursos com lógica é a vanguarda da evolução.

Fernando J.P. Neme (mar/11)

terça-feira, 1 de março de 2011

É chegada a hora de ampliarmos os nossos talentos

A sustentabilidade exige esforços individuais e mudanças significativas no nosso jeito de ser.

Os nossos antepassados faziam praticamente tudo sozinhos, sabiam cozinhar e fazer compotas para aproveitar o ano todo a abundância das épocas de colheita. Costurar, produzir e consertar várias coisas. A construção de casas e suas manutenções necessárias eram atividades corriqueiras. Na falta de habilidades específicas sempre procuravam um vizinho ou alguém próximo para ajudar ou pagar pelos serviços. Era comum viver de forma ativa, sem sedentarismo, preenchendo o dia com diversas atividades e sempre tendo tempo para a família, os filhos, o descanso, o encontro no café do final da tarde, as refeições em família e atividades de lazer e estudos.

A vida era preenchida de forma simples, com hábitos saudáveis, tais como fazer piqueniques em lugares próximos e voltar no final da tarde; com reuniões em casa onde todos levavam alguma colaboração. Quem não se lembra daquela torta ou daquele bolo que só fulano fazia? Todos temos estas histórias na família. Resgatar hábitos não é retroceder.

Existe algo mais complexo nas relações e mais simples para viver do que uma família? Nela aprendemos as leis do convívio e seu resgate é importantíssimo. Pessoas solitárias consomem muito mais no mercado. Não tanto nas coisas essenciais para a sobrevivência, mas principalmente, nas armadilhas do consumo, as quais oferecem diversos produtos e serviços que te “fazem feliz”.

O meu avô me ensinou que o lema e a moral de nossos antepassados era “o prazer de fazer bem feito”. Fazer de forma simples para durar muito e com pouca ou nenhuma manutenção. Fazer para durar sempre.

Atualmente tudo está bem diferente, porque a matemática de hoje é simples assim: se o produto é bom, ele vai durar muito e se o produto é ruim, ele vai durar pouco. Então é “melhor” produzir produtos que quebram logo e exigem novas compras para alimentar o mercado consumista, porque consertar ou é impossível ou é mais caro que comprar um novo! Como isto é possível? Como pode uma parte da peça ser mais cara que a peça inteira? Até onde vamos consumir sem nos darmos conta de que estamos nos consumindo?

Cuidado com o ócio moderno, porque se não for criativo você pode cair em diversas armadilhas. Para não correr este risco, tenha prazer em aprender, estimule todas as suas habilidades, aumente os seus talentos individuais, esteja aberto para o aprendizado constante, sinta a felicidade de fazer as coisas com as próprias mãos. Procure conhecer os assuntos todos, para não ser enganado quando precisar contratar algum serviço ou conserto e principalmente, cultive o espírito de fazer bem feito. A sustentabilidade do planeta hoje exige cidadãos conscientes e com vontade de transformação.

Você pode comprar um produto qualquer, bem “baratinho” na venda da esquina, porque trabalha muito e não tem tempo para fazer, ou porque não sabe e nem quer aprender como se faz. Sem problema algum, todos podem continuar inseridos no sistema e alimentando a máquina. O que muda é que de agora em diante você já tem esta consciência e a possibilidade de incorporar as mudanças necessárias. Você pode se iludir e continuar alimentando o sistema ou fazer algo saudável para o planeta, para a sua saúde e em especial para o seu prazer em fazer bem feito. A escolha é sua.

Fernando J.P. Neme

sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

Luto pelas árvores

Aos que me acompanham nos artigos e nos contos que escrevo sabem que eu gosto de brincar com as palavras. Costumo colocar duplos sentidos nelas, porque a verdade não está no que escrevo e nem nos entendimentos de quem lê, mas está nas entrelinhas preenchendo o espaço entre nós dois.

Da minha vida faz parte o engajamento e alguns trabalhos pela preservação do meio ambiente, mas hoje o meu luto pelas árvores é de pesar e dor.

Especialmente nesta semana, li uma reportagem que na cidade de São Paulo caíram mais de cento e sessenta árvores após as chuvas torrenciais que aconteceram. E para completar a odisséia ouvi muitas reclamações com viés de verdadeiras pragas contra nossas companheiras árvores.

Muitos as insultam quando caem nas ruas, quando “sujam” suas calçadas e seus automóveis, quando se encontram com os fios dos postes e outros mais adoram cimentar suas raízes com a intenção de sufocá-las e matá-las.

Apesar de tudo isto as árvores continuam recolhendo os restos do solo para transformá-los em seiva da vida; insistem em trocar o ar poluído por ar puro para nós e ainda se satisfazem produzindo frutos, flores, proteção e sombra sem se importar se quem vai usufruir são bandidos ou santos. As árvores simplesmente cumprem o seu papel mesmo contra todas as adversidades. Nós somos humanos e elas são dignas da humanidade.

Hoje estou de luto por nossas companheiras caídas, que lutaram contra todas as adversidades e tombaram de forma heróica nos ensinando lições até na morte. Lições de falta de respeito para com elas, lições de que a ganância por concreto não gera vida e principalmente as lições de urbanismo.

No passado havia uma calçada, um quintal na frente da casa e uma construção no meio do terreno até o “progresso” nos encaixotar em cubículos suspensos. Aquela árvore da calçada que não pode ser removida e é mal conservada pelo poder municipal vai ser podada drasticamente em sua copa porque os fios do futuro são importantíssimos e suas raízes serão arrancadas para que o povo encaixotado possa colocar suas caixinhas andantes em estacionamentos cobertos debaixo da terra (esta constatação sobre o Povo Caixa foi criada por um grande chefe indígena norte-americano).

Como pode uma árvore onde lhe é podada o equilíbrio da copa e decepada a fundação das suas raízes ficar de pé nas tempestades com ventos canalizados pela engenharia da construção de prédios? Qual a culpa deste ser vivo? Qual a razão de tanto ódio contra estas inocentes?

Hoje realmente estou de luto pelas nossas companheiras e mais ainda pela falta de percepção daqueles que ainda se consideram seres humanos.

Fernando J.P. Neme (fev/2011)

terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

A ecologia e a espiritualidade

O ato de ser ecológico nas suas praticas diárias, nas suas observações holísticas sobre os biomas do planeta e como funciona o seu sistema, a sua compreensão do todo para agir no local e ainda a sua dedicação e entrega voluntária ao serviço sem pedir contrapartida é a porta de entrada do chão de luz que faz a alma evoluir.

Abre caminho para que sumam as ilusões; para respirar com profundidade; para o despertar da consciência; para enxergar com os olhos da alma; para conter os erros que nos consomem; para ir com calma no mundo apressado; para ter tempo de meditar e se encontrar; para penetrar o ar puro que organiza as ideias; para acalmar as inquietudes de nossa mente; para o espírito evoluir e sentir a alma agradecer; para limpar o organismo com alimento sadio e para se reconectar com a essência divina da vida.

Ser ecológico é se importar com todas as formas de vida, é ser responsável pelo hoje e prever o amanhã, é usar com lógica os recursos naturais e é um exercício maravilhoso para se espiritualizar.

Fernando J.P. Neme