sábado, 18 de maio de 2013

A Família Ambiental

É fato que nenhum de nós tem a capacidade de mudar o mundo, mas podemos nos moldar e revolucionar. É na união de cidadãos bem intencionados que a evolução ambiental será estabelecida. Para isto acontecer é simples, basta diariamente prestar muita atenção nos pequenos gestos, e aos poucos, mudar da atitude consumista inconsequente para outra mais amiga do meio ambiente.

Vivemos numa época repleta de informações disponíveis, e se bem usadas, podem ajudar na necessária e dificílima tarefa de mudanças de hábitos. O caminho da transformação nasce no indivíduo, pelo exemplo alcança a família e os amigos, rompe as paredes e chega aos vizinhos, pula os muros e ganha às ruas, e naturalmente se expande pelos quarteirões, bairros, cidades e o mundo.

Conforme a Declaração da Comunidade Bahá‟i Internacional: „Comunidades Sustentáveis num Mundo em Integração‟ (Habitat II/Junho 1996, Istambul/Turquia): "O desenvolvimento comunitário terá que incorporar princípios de preservação e recuperação ambientais, não só para levar nossa civilização atual a um padrão sustentável de desenvolvimento, mas também para responder à grande necessidade do espírito humano de manter um contato íntimo com o mundo da natureza". E ainda nos alerta sobre "o papel fundamental do agricultor na segurança alimentar e econômica (que) também precisa ser cuidadosamente avaliado no planejamento de todos os assentamentos humanos".

A responsabilidade do desenvolvimento comunitário é do cidadão. Todos, cidadãos, empresas e governos, deixam rastros e pegadas ambientais, mas os verdadeiros agentes de sustentabilidade fazem o que deve ser feito por conta própria, sem esperar por glória e nem por ninguém. Faz pelo prazer de fazer bem feito, e nada mais!

Ainda citando a declaração acima: "a proteção da família e a promoção de seu bem estar devem tornar-se o centro dos processos comunitários. A família é a instituição primária da sociedade e a principal incubadora de valores, atitudes, crenças e comportamentos. Quando é espiritualmente saudável, ela contribui de modo significativo para o desenvolvimento de cidadãos felizes e responsáveis", e que melhor ocasião para celebrar o meio ambiente, que diariamente, reunir a família para estudar e cultivar os valores ambientais e as transformações de hábitos necessárias?

O cidadão sustentável tem valores que balizam as suas condutas. Policia-se no consumo e evita a geração de resíduos. Não desperdiça, reusa e reutiliza os resíduos com imaginação e por último envia-os à reciclagem. Planta e faz compostagem em casa, por menor que seja o espaço. É engajado nas questões pelos Direitos Humanos e dos Animais, pela Cultura de Paz, e se empenha na formação da cidadania planetária.

Portanto, se cada um fizer a sua parte, o meio ambiente agradece, a família humana prospera, todos ganham e o mundo melhora!

Fernando J.P. Neme

terça-feira, 14 de maio de 2013

Necessário versus Extraordinário

As necessidades humanas básicas são ar puro, água limpa, alimento nutritivo, um abrigo contra as feras e as intempéries naturais, e uma mente disciplinada, todo o resto é poluição. A arte da produção é colher fartura, a arte do sucesso é planejar com eficiência energética, a arte da economia é ser comedido e a arte da sabedoria é ser feliz na simplicidade.
 
A pessoa repleta de valores humanistas e espirituais não perde tempo se consumindo no círculo vicioso das ilusões. Pelo contrário, tem a força e constância necessária para se libertar da escravidão das vontades, dos infinitos desejos da ganância, das permissividades e assim, preencher a sensação de vazio da vida com atitudes exemplares.
 
A pessoa ética e valorosa é menos propensa para cair nas sutilezas do mercado, e mais eficiente na geração de riquezas (tempo, economia e produtividade), além de mestre na organização diária (equilíbrio das horas entre os afazeres pessoais, familiares, profissionais e de lazer/cultura), sabe realocar no sistema ou distribuir na comunidade os seus excessos de produção, oferecendo produtos ou serviços de qualidade com preços acessíveis, horas de trabalho voluntário, ou doações assistencialistas. E a sua receita de sucesso é evitar a megalomania, ter fundação sólida, trabalhar com constância e capital próprio, seguir com passos lentos, investir no essencial, e gastar com moderação.
 
Atingido o patamar do conforto e satisfeitas todas as necessidades materiais e culturais, alcança o indivíduo a fenomenal oportunidade de desenvolver a espiritualidade, conter os impulsos, aperfeiçoar a conduta, lapidar as faltas, observar as ações e meditar sobre a transcendência.
 
Com tamanho preenchimento das vontades, resta pouco espaço para o consumo e a ganância (que depreda e destrói), e sobram atitudes de desprendimento e distribuição dos excessos que extrapolam a zona de conforto e poupança. Com coragem, enfrenta a sua metamorfose, e se torna um agente transformador que educa pelo exemplo.
 
Com o despertar da consciência individual se iniciam as mudanças sociais. O primeiro passo é a ecologia interna (paz/alimento/saúde). O segundo é o consumo consciente e as relações humanas (cuidar da terra e das pessoas). O terceiro é com sabedoria perpetuar os recursos da Terra. E para finalizar, conhecer o território, ter identidade cultural, e instituir a cidadania planetária (pensar local e agir global).
 
Fernando J.P. Neme

quarta-feira, 8 de maio de 2013

Dia Mundial do Meio Ambiente - 2013

O planeta Terra está sempre se transformando e evoluindo. No início a explosão de energia, depois o resfriamento da crosta e estruturação das rochas, as contribuições elementares das estrelas, a acumulação da água, as reações químicas nutritivas da sopa primordial, o surgimento da vida unicelular (base da evolução das espécies), as trocas gasosas para formar a atmosfera, os ciclos geológicos esculpindo ecossistemas, a receita universal dos padrões, e tudo equilibrado nos limites das forças da natureza.

A integridade ecológica da Terra foi construída nestes últimos bilhões de anos e a nossa espécie, que habita o mundo há poucos milhares de anos, só interfere na paisagem para proveito próprio. E mais intensamente no último século, estamos extraindo à exaustão os recursos naturais, desrespeitando todas as formas de vida e ecossistemas, poluindo o ar, a água, a terra, e inclusive o espaço com peças de satélites.
 
Na ganância pelo poder, os homens sonham com dominação e consumo permissivo. Alheios aos riscos das alterações climáticas e desconsiderando o sistema regulatório do planeta, já ocorrem fenômenos inéditos, com perspectiva de futuro imprevisível e catastrófico. É bom lembrar que as leis da natureza são impiedosas contra os fracos e não adaptados, portanto, quem corre o risco de acabar não é o mundo, mas a nossa espécie.

Mas ainda dá tempo de se corrigirem as falhas. Por exemplo, recriando os espaços de convivência imitando, ao máximo, os ambientes naturais. E principalmente, mudando os atuais hábitos daninhos de consumo, por pequenos gestos diários em prol do meio ambiente. Cada gesto solidário, responsável e positivo faz toda a diferença. Com cada um fazendo a sua parte o mundo melhora.
 
É passada a hora dos cidadãos entenderem o que é sustentabilidade. As ideias primárias de que plantar árvores e reciclar são suficientes é um grande equívoco a ser sanado com políticas públicas de educação ambiental, leis severas e fiscalização eficiente, também por parte da população, que é detentora de duas ferramentas magistrais, o voto e o poder de consumo.

Ecologia significa estudar e conhecer a casa. E ser racional é usar os recursos respeitando a capacidade natural de regeneração, consumir com cautela, viver com moderação, e prover às gerações futuras, todas as possibilidades que os antepassados tiveram.

Sobre o tema meio ambiente, muito antes de ser pauta na mídia, Shoghi Effendi, o Guardião da Fé Bahá’i, numa carta de maio de 1932, escreve: “precisamos de uma mudança de coração, um reenquadramento de todas as nossas concepções e uma nova orientação das nossas atividades”, em outra carta de fevereiro de 1933, ensina: “não podemos separar o coração humano do meio ambiente... O homem é parte orgânica do mundo. A sua vida interior molda o meio ambiente e é também profundamente afetada por ele”, e ainda, num telegrama de maio de 1951, ao New Earth Luncheon de Londres, nos alerta sobre a necessidade de deixarmos uma “herança (às) gerações futuras”.

A espécie humana, no topo da hierarquia, tem por obrigação zelar de tudo e todos, incluindo a saúde dos ecossistemas e a resiliência do planeta, e neste dia Mundial do Meio Ambiente, é bom lembrar que este planeta azul, é a nossa única casa.
 
Fernando J.P. Neme