terça-feira, 1 de março de 2011

É chegada a hora de ampliarmos os nossos talentos

A sustentabilidade exige esforços individuais e mudanças significativas no nosso jeito de ser.

Os nossos antepassados faziam praticamente tudo sozinhos, sabiam cozinhar e fazer compotas para aproveitar o ano todo a abundância das épocas de colheita. Costurar, produzir e consertar várias coisas. A construção de casas e suas manutenções necessárias eram atividades corriqueiras. Na falta de habilidades específicas sempre procuravam um vizinho ou alguém próximo para ajudar ou pagar pelos serviços. Era comum viver de forma ativa, sem sedentarismo, preenchendo o dia com diversas atividades e sempre tendo tempo para a família, os filhos, o descanso, o encontro no café do final da tarde, as refeições em família e atividades de lazer e estudos.

A vida era preenchida de forma simples, com hábitos saudáveis, tais como fazer piqueniques em lugares próximos e voltar no final da tarde; com reuniões em casa onde todos levavam alguma colaboração. Quem não se lembra daquela torta ou daquele bolo que só fulano fazia? Todos temos estas histórias na família. Resgatar hábitos não é retroceder.

Existe algo mais complexo nas relações e mais simples para viver do que uma família? Nela aprendemos as leis do convívio e seu resgate é importantíssimo. Pessoas solitárias consomem muito mais no mercado. Não tanto nas coisas essenciais para a sobrevivência, mas principalmente, nas armadilhas do consumo, as quais oferecem diversos produtos e serviços que te “fazem feliz”.

O meu avô me ensinou que o lema e a moral de nossos antepassados era “o prazer de fazer bem feito”. Fazer de forma simples para durar muito e com pouca ou nenhuma manutenção. Fazer para durar sempre.

Atualmente tudo está bem diferente, porque a matemática de hoje é simples assim: se o produto é bom, ele vai durar muito e se o produto é ruim, ele vai durar pouco. Então é “melhor” produzir produtos que quebram logo e exigem novas compras para alimentar o mercado consumista, porque consertar ou é impossível ou é mais caro que comprar um novo! Como isto é possível? Como pode uma parte da peça ser mais cara que a peça inteira? Até onde vamos consumir sem nos darmos conta de que estamos nos consumindo?

Cuidado com o ócio moderno, porque se não for criativo você pode cair em diversas armadilhas. Para não correr este risco, tenha prazer em aprender, estimule todas as suas habilidades, aumente os seus talentos individuais, esteja aberto para o aprendizado constante, sinta a felicidade de fazer as coisas com as próprias mãos. Procure conhecer os assuntos todos, para não ser enganado quando precisar contratar algum serviço ou conserto e principalmente, cultive o espírito de fazer bem feito. A sustentabilidade do planeta hoje exige cidadãos conscientes e com vontade de transformação.

Você pode comprar um produto qualquer, bem “baratinho” na venda da esquina, porque trabalha muito e não tem tempo para fazer, ou porque não sabe e nem quer aprender como se faz. Sem problema algum, todos podem continuar inseridos no sistema e alimentando a máquina. O que muda é que de agora em diante você já tem esta consciência e a possibilidade de incorporar as mudanças necessárias. Você pode se iludir e continuar alimentando o sistema ou fazer algo saudável para o planeta, para a sua saúde e em especial para o seu prazer em fazer bem feito. A escolha é sua.

Fernando J.P. Neme

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